domingo, 22 de maio de 2011

Idas, Vindas e Partidas



À Angélica, Wagner, Caio, Laura e Bia
À Helene Yuri

Há dias estou as voltas com uma palavra engasgada na garganta: Despedida.
Seu gosto indefinido traz uma estranha sensação de aperto no peito, que aparta o que está perto, que porta um insuportável e que parte uma parte de mim.
Saber que a vida também é tecida de despedidas não exime do luto, não previne o sofrer. Cada um há de arcar com sua própria dor.
Algumas despedidas são definitivas:  despede-se do útero da mãe para construir seu próprio caminho, despede-se do útero da vida em destino a um desconhecido. Não há palavras que traduzem as cores desse movimento com perfeição. Vive-se. Morre-se. E basta. Ou não.
E há aquelas idas, vindas e partidas na vida que em suas narrativas de alguma forma também são despedidas:
Deixa-se as brincadeiras da infância para adolescer e, quem sabe, adultecer. Deixa-se o costume da solidão para compartilhar a vida com alguém. Viaja-se para lugares desconhecidos para construir um caminho para a própria vida. Volta-se a lugares conhecidos para desafogar a saudade e alimentar uma amizade. Volta-se a infância ao saborear uma xícara de café quente, bolinhos de chuva ou um frango caipira feito no fogão de lenha. Vai-se para o futuro, de olhos fechados, sonhando com o próprio desejo.
As idas, vidas e partidas com suas próprias despedidas formam uma linha atemporal que transcede o lugar comum do presente. Assim, são as amizades, os afetos e vínculos que se cultivam. Quando carinhosamente cuidados, eles se renovam e ultrapassam o tempo e o espaço com aquela sensação de que foi ontem que estava com você que há anos não vejo.
Esse forte sentimento não é uma ficção científica. É amor que se cultiva e é cultivado com gestos, uma palavra, um olhar, uma mensagem de celular, uma ligação telefônica, uma carta, um presente que se faz presente, um abraço, uma oração. É uma via de mão dupla no trânsito louco da vida, correspondência entre almas no desejo recíproco de se encontrarem e fazerem parte uma da vida da outra.
Assim, a dor da despedida aos poucos dá lugar a novos encontros e a reencontros, a novas amizades e afetos e ao retorno ao aconchego dos abraços de alguém que já fez parte dessa história e permanece no coração. Sempre.
Esse é o movimento da vida.
Bem diz o poeta Vinicius de Morais: "o amigo, um ser que a vida não explica, que só se vai ao ver outro nascer, e o espelho de minha alma multiplica..."

* A foto dessa postagem é de Bia, Laura e Caio, filhos de Angélica e Wagner que nos ensinam que afeto se cultiva. Eles entraram em nossa vida para ficar!

sábado, 21 de maio de 2011

Meu marido não sabe escolher comédias românticas, mas...

 

Texto escrito em maio de 2010 no meu blog Livros,  Cinemas e Etc que agora se junta a este blog Travessia


Imagine só um daqueles dias da semana em que tudo é uma correria e a única coisa que você quer é que a noite chegue logo para encontrar seu amor. Então vocês combinam um jantarzinho, acompanhado de um bom vinho e decidem assistir a uma comédia romântica para descansarem aconchegados no sofá (afinal, o amor vem antes do jantar! Eis o segredo!). No entanto, seu marido/namorado/ficante... Enfim, seu amor é quem escolheu o filme. No inicio, parece algo promissor, que vai ser divertido e relaxante. Porém, depois de 15 minutos de filme, você percebe que não tem nada haver com uma comédia romântica. Na verdade, com 20 minutos de filme você começa a chorar, odiar, decepcionar, qualquer coisa, menos rir ou divertir!Bom, seu amor começa a ficar preocupado. Mas, como ele imaginou que isso poderia acontecer, muito esperto ele tem outro DVD na "manga". E sugere que assistam ao outro filme. Nova tentativa, parece que vai dar certo, mas 30 minutos de filme e você já odeia o mocinho da história, que é mais depressivo do que a gente naqueles dias de fossa...
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk.... Esse amor que aluga os filmes é o meu marido! Ele tem um dom especial para só encontrar filmes cabeças, cults, polêmicos, menos comédia romântica... Minto! Quando eu encomendo um filme específico, ele traz certinho. Ou, raras vezes, traz um filme achando que é tipo super cabeça e acaba sendo até romântico. É hilário! Para não dizer tragicômico! É o que dá quando se casa com alguém super politizado que lê Bauman, Bakunin, Marx, Freud, Darwin ou sei lá quem mais aos domingos de manhã. É o jeito do meu amor, ainda que ele seja mais divertido do que qualquer comédia romântica. Mas, vamos aos filmes.
Da última vez, Vitor (meu marido!) alugou a comédia “TA RINDO DO QUE?”. Entendo perfeitamente por que ele escolheu esse filme, afinal tratava-se de uma comédia, ou pelo menos dizia ser, com o protagonista interpretado por ADAM SANDLER acompanhado por SETH ROGEN, o canadense comediante, escritor e ator que vem fazendo filmes hilários como “PAGANDO BEM, QUE MAL TEM?”, “LIGEIRAMENTE GRÁVIDOS” ou “SEGURANDO AS PONTAS” (em inglês, Pineapple Express, neste último tivemos crise de risadas!). No entanto, “TA RINDO DO QUE?” não tem nada de comédia, é um drama sobre um comediante que não tem amigos e descobre que é portador de uma doença fatal, o que pressupõe um encontro breve com a morte. Não dá pra rir. Até aonde eu vi, também não dá para se comover. Mas, não posso dizer mais do que isso, pois não conseguimos terminar o filme. Era muito mórbido, vazio e triste para uma noite romântica com meu marido. De uma estranheza total!
Depois, tentamos “500 DIAS COM ELA” e conseguimos chegar até o final. Para você ter idéia, meu marido acredita até agora que o filme se chama “500 DIAS SEM ELA”. O filme tem uma estética linda, poética, alternativa, em uma história não linear, com uma trilha sonora especial que deve ser saboreada. Há cenas super divertidas, o começo já é irônico, ao iniciar com a seguinte frase “O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca". Na história, Tom (Joseph Gordon-Levitt), o mocinho, apaixona se por Summer (Zooey Deschanel), uma mocinha que não acredita no amor, não faz promessas e quer viver a sua vida conforme deseja. É preciso reconhecer a mudança de papéis tão comuns no espaço da comédia romântica: já não é mais a princesa encantada esperando por seu amor, nem o sapo se transformando em príncipe. Há certo e grande sofrimento em dar amor a quem não o pede! Por isso, não dá para assistir em noites românticas, ninguém quer se deparar com amores não correspondidos, pelo contrário.
Então, você deve estar se perguntando o que eu indicaria de filme para uma noite especial. Hum... Para se divertir com o amor, minhas preferidas são “CASAMENTO GREGO”, com Nia Vardalos (Não dá para não se encantar como Toula e Ian Miller), ou “ALGUÉM TEM QUE CEDER”, estrelado por Jack Nicholson e Daiane Keaton. São dois filmes que todo mundo conhece e se você não conhece vale a pena vê-los. O primeiro é criação da própria Nia Vardalos que transformou as histórias de sua família em uma peça de teatro que deu origem ao filme produzido por Tom Hanks. Trata-se de uma pequena produção, cuja propaganda boca a boca a tornou em um super sucesso nas bilheterias de todo o mundo. O segundo filme, com roteiro e direção de Nancy Meyers, é hilariante e gostosa de ver. Keaton e Nicholson dão um show à parte, fazendo de um gênero tão desgastado e difícil de ser elaborado como algo delicioso e divertido. A cena que ela mede a pressão dele na hora do amor é muito engraçada. Além desses dois grandes atores, o filme também conta com os maravilhosos Keanu Reeves, Frances Macdormand, Amanda Peet e John Favreau.
Esses são apenas dois dos filmes de vários que valem a pena ver como “Tudo em Família”, “Idas e Vindas do Amor”, “Simplesmente Amor”, “Simplesmente Complicado”, “O Amor não tira férias”, “O Diário de Bridget Jones”, “Os delírios de consumo de Black Bloom”, entre vários outros que ousam a renovar um gênero tão marcado por clichês, ainda que caia nos clichês também. Bom, mas vamos ter outras oportunidades para falarmos sobre esses outros filmes em outros momentos.
Voltando ao jantar romântico com meu marido, mesmo a escolha de comédias nada divertidas e nem românticas estraga a noite, afinal, já viu como são os enamorados, tudo é motivo para aproveitar o tempo juntinhos. Se por um lado, meu marido não escolhe bem esses filmes, por outro é um poeta e canta para mim:
“Eu esperei muito tempo, pra ver você chegar, em uma noite sem estrelas, você me fez sonhar. Nossos passos tão distantes começaram a se encontrar, mãos frias e arritmias, eu mal podia esperar. Nada que não fosse igual. Um cara se apaixona, nada mal. E a menina que quer também alguém para segurar sua mão. Nossa estória soa terna e incomum, passados tão dispersos, mas não separados. Eu pensava em você na janela do meu quarto, você já sabia que nossos destinos estavam traçados. Agora pego em sua mão para gente fugir. Eu sei bem aonde ir. Palavras nos olhares e o mundo nas mãos. Tenho você dentro do coração”.
E eu, como não sei cantar e nem escrever poesias, respondo com as palavras de Renato Russo em uma de suas músicas: “Quero ouvir uma canção de amor, que fale da minha situação, de quem deixou a segurança de seu mundo, por amor, por amor”. Te amo Vitor!

Amelie ou Neo

Queridos e Queridas! Esse texto não é uma crítica aos filmes Matrix e Fabuloso Destino de Amelie Poulain, mas uma crônica de como um filme pode ser uma metáfora da vida. Da minha vida!
Ps: Inicialmente, ele foi publicado no meu blog Livros, Cinema e Etc, que agora se junta ao Blog Travessia para assim se tornarem um. Boa Leitura!




Fui atropelada. Não, não se preocupe. Não sei se os danos serão permanentes, mas eu mesma já não me preocupo. Deveria ter me acostumado. Acontece sempre. Como foi? Quem o fez? A vida. A vida me atropelou novamente, sem dó, sem piedade, e sabe o que é pior? Ela não me espera recuperar para continuar. Eis o desafio: ser um ser em construção, inacabado, surpreendido a todo instante pelo o que esta senhora resolve. Se me lamento? Honestamente, é grande a tentação quando não vejo minha vontade sendo realizada. Comporto-me como uma menina mimada, cruzando os braços contra o peito, batendo o pé no chão e gritando: eu quero! Eu quero! Talvez eu seja uma menina mimada. Hum, não sei. Por outro lado, a mesma vida que traz o desapontamento, traz possibilidades. Irônico. Caótico. Não é verdade? Parece um caos que segue uma ordem. Contraditório. Não consigo eliminar tantos questionamentos e aí me pergunto se eles são motivados apenas por um desejo de conhecer ou se conhecer significa justamente controlar? De todo jeito, é impossível conhecer tudo, não herdamos a onisciência. Ilusão maior ainda é controlar. Controlar o que? Como diz no livro santo, não controlamos nem a queda de um fio de cabelo. O que me consola é que na ordem das coisas, somos mais que os lírios e mais que os pássaros. Ou não? Ou somos o que o agente Smith define em Matrix: vírus. Vírus que destrói o ambiente em que vive e depois se muda. Ai, ai, ai... Vamos parar por aí, talvez a Dona Vida seja esvaziada de sentido e eu escolho não acreditar nisso. Como foi o atropelamento? Ah sim, já tinha esquecido a pergunta. Estava eu voando tranquilamente com meu lindo balão cor de rosa em mundo que havia inventado pra mim quando exatamente a vida resolveu me mostrar que aquilo não era realidade. Merda. Na verdade, eu me sinto atropelada, mas pode se dizer que é um desastre aéreo gigantesco. Agora, nessa tontura, nessa falta de estabilidade, só me vem duas imagens na cabeça como uma tentativa de responder quem eu sou ou quem já fui, Amelie e Neo. Você não conhece? Neo está na Matrix, no entanto, ele questiona o que vê e o que sente guiado por uma intuição de que há algo mais do que o apresentado a ele cotidianamente. Neo está na Matrix, preso, consumido, alienado, em busca da pergunta que fazemos a nos todos os dias, quem somos? Conhece-te a ti mesmo, o oráculo responde. A verdade, se é que ela de fato existe em uma única versão, liberta, mas dói. As cores do mundo de Neo são cinzas. Os olhos dele não estão acostumados com a luz. Já Amelie em seu fabuloso destino vive em um mundo mergulhado em cores, sentimentos, humanidades. Ela percebe a necessidade do outro sem se dar conta de si mesma. Quando ela passeia com o cego descrevendo o mundo que o cerca, ela ignora do desconhecimento de si mesma. Então é confrontada, como Neo o é. Ela deseja viver de verdade e resolve romper a barreira do medo que a cega, deseja quebrar os muros do mundo que inventou para si. É preciso coexistir com a incerteza no desejo de tentar. O que eu tenho em comum com Amelie e Neo? Os olhos. Olhos que ficaram fechados exclusivamente pelo medo de abrir e se deparar com o inesperado. Quando eu era criança, a noite, me encontrava em um grade impasse. No escuro, poderia aparecer um bicho e eu não o veria e, portanto, não defenderia. No claro, poderia aparecer um bicho e o vendo poderia seguir traumatizada por uma vida inteira. O que fazer? Aos poucos venci o medo dos bichos papão que freqüentavam meu quarto, mas algo me diz que carreguei vários outros para a fantasia do meu mundo próprio. Mas, neste intercorrer, a vida me atropelou. Não pude mais manter os olhos fechados. Não sei definir as imagens que eu vejo, mas não quero retornar ao escuro. Eu me busco nessa busca. Sou Neo, sou Amelie, sou eu.

COMENTÁRIOS REALIZADOS NO BLOG LIVROS, CINEMA E ETC

Ana Catarina disse...
QUERIDA, VC É UM ORGULHO PRA MIM! EU , COMPLETAMENTE "LÓGICA" NAO CONSIGO IR TAO PROFUNDO, A MINHA PRATICIDADE É ALGO GRITANTE E GROTESCO.SUA VISAO NA CRÍTICA ACIMA,DESCREVE EM DETALHES AS VERDADES DO DIA-A DIA ENTRE O QUE SOMOS E O QUE VIVEMOS.BJOSSSSSSS


Fantástico o texto. Estou adorando ler TANÍSIA. Adoro livros, cinema e o etc abre outras maravilhosas maneiras de olhar para o mundo. Com certeza, será muito prazeroso seguir este seu blog.
Quanto ao filme AMELIE POULAIN, amei. Faz tempo que o assisti e confesso que agora me deu uma vontade enooooooooorme de ve-lo novamente. Quanto ao Matrix, ainda estou em débito com ele. Talvez porque goste mais de um mundo colorido.rsrs
Parabéns querida, por trazer os filmes para a sua vida, e no mesmo movimento levar a vida para os filmes. Estarei sempre por este blog...pode ter certeza. Beijos
Sou sua fã


Mil olhos disse...

Faça-se luz! E revelemos o perfil dos astros nas trevas eternas, e representemos o universo nas dobras da células marinhas. Breve ressonanância dos verbos encarnados... ou: um comentário do Bill. bj


Maria Fernanda disse...

Taniiiis!!!
Ainda n tinha postado nenhum comentário aqui, embora jah tenha lido seu texto exatamenteeee... huuum... vejamos... 05 vezes!!! haha...
eu amei! amei muito... amo esses dois filmes e amei a forma como vc os interpretou...
não eh facil viver em meio ao caos, mas insuportável permanecer com os olhos fechados! Eis o desafio, cheio de possibilidades, como vc colocou de maneira tão fascinante!
Estou esperando anciosamente por mais postagens!
Bjos

Entre Jardins e Pães!


Este texto foi escrito em novembro de 2010, no meu Blog Livros, Cinema e Etc que, agora,
se junta a este blog para se fazerem um.

Ao me decidir a criar esse blog, acreditei que tal empreendimento seria fácil de construir, afinal, vivo mergulhada em sonhos, palavras e histórias que pedem para ser contadas ou, para ser honesta, sem muita poesia, histórias que desejo modestamente compartilhar e que, para minha surpresa, há pessoas que desejaram ou desejam ouvir. Porém, lá vão os meses e com eles o inverno, o outono e quase toda a primavera sem nenhuma palavra gravada neste espaço tão concreto quanto virtual que é o blog.  É como se ele se tornasse um jardim que precisa urgentemente de alguém que o cultive. E tenho a grave impressão de que este jardineiro displicente sou eu!
A questão é que sempre me encontro na expectativa da palavra certa para começar ou de uma inspiração que nunca chega. E talvez seja essa uma metáfora para a vida, pois trago comigo uma forte sensação de que não sou só eu que vive na espera que algo diferente e especial aconteça:
Um milagre, uma resposta, um sinal de Deus, um novo amor, uma mudança profissional, um filho, uma amizade verdadeira, um tempo, férias, reconhecimento, emagrecer, comprar um carro ou, simplesmente, que o final de semana chegue ou, pelo menos, que o trabalho termine para que assim seja possível descansar...
É como estar sempre à espera de algo, o que não é necessariamente ruim. No entanto, parece haver uma linha tênue que separa a expectativa do desejo, a espera da realização, o cômodo lugar de todos os dias para o novo lugar que queremos para nós. Muitas vezes, nos deparamos com o fato de vivermos seguros no mesmo de sempre confundindo a espera pela inspiração com movimento para alcançar o que sonhamos ou o que desejamos.
Há uma frase de Rosa Luxemburgo que considero muito especial, escrita para um contexto político específico, mas que se aplica a várias situações da vida e, particularmente, para aquelas situações em que vivemos de expectativas, mas parados no mesmo lugar. A frase é <strong>“Quem não se movimenta, não sente as cadeias que o prendem”.</strong>Ela ficou gravada em meus pensamentos desde quando as ouvi pela primeira vez e senti seu impacto. Pensei no quanto a vida comporta tempo e espera, mas também possibilidade e criação, o que torna urgente diferenciar a espera de comodismo e a expectativa de movimento.
Cozinhar diz muito da espera e do movimento necessários a vida. Você pode ter a melhor receita de pão do mundo, mas se não souber esperar o tempo da massa crescer ou de cozer no forno terá no final, como se diz em minha terra, um pão pizuado. Assim, na vida, muitas coisas não se resolvem no tempo que desejamos, é preciso tempo, paciência, elaboração. Agora, mesmo que tenhamos toda a paciência do mundo para esperar o pão crescer e assar, não nos adianta a expectativa de comer um pão saboroso quando o cozinheiro que somos nós e ficamos de braços cruzados esperando que o pão se faça.
Enfim, para se mais objetiva do que metáforas sobre pães e jardins, tenho que reconhecer que esperar a palavra certa ou que a inspiração chegue é apenas uma ilusão que me mantém no mesmo lugar, sem fazer nada do que gostaria de fato, mas que funciona, pois, muitos às vezes, ela mascara um receio, um medo, sabe se lá qual!
Então, estou eu aqui de volta com meu blog sobre livros, cinema e etc, que não é mais do que um pretexto para escrever, para construir um espaço onde eu possa criar algo que me fascina, a escrita. Escrever é como a vida. Nem tudo na vida pode ser traduzido em palavras, mas as palavras possuem o dom de marcar o vazio do papel para construir um significado e nos levar ao que se pode imaginar. É uma invenção: inventar um lugar no mundo para mim!

Comentários Postados no Livro, Cinemas e Etc

Adriana disse...
Tanis,
Pelo jeito tinha muita inspiração reservada aí né?
O texto ficou lindo e quando você diz que muitas vezes ficamos na expectativa ou na espera, inclui também o esperar pelo seu texto, pelas suas dicas de livros e cinemas e principalmente a culinária. Concordo com você, que o importante é começar (movimentar)...
bjs
Dri


Helene Yuri disse...


Tanis, Que bom ler seus textos com esse tom de leveza... Acabei de rever o filme Forrest Gump e lá dizia que a vida pode ser uma mistura de destino e ao mesmo tempo voar conforme a brisa! Acredito que seu destino é ser escritora e seu blog é como a pena do contador de histórias, voando sem direção, mas com um único objetivo de compartilhar experiências! Isso por si já torna mais que especial!
Um grande beijo de sua amiga,
Helene Yuri
15 de novembro de 2010 14:13

Ana Catarina disse...
Tanis, você é uma escritora nata e consegue expressar com suas palavras milhoes de sentimentos submersos nas diversas realidades.Bjos
Ana Catarina

21 de novembro de 2010 07:01


 VITOR REIS disse...


O Jardim pra passear e alimentar os olhos... e os pães para um delicioso pequinique de sabores e sensações idílicas... que texto lindo, meu amor. a poesia realmente tomou teu coração em brasas...
beijos de teu marido
vitor
29 de novembro de 2010 11:36


silvana da Glória disse...


Essa espera na qual você se refere é que nos move, pois a vida está sempre em construção. Eu também sinto a mesma sensação, acordo e me pergunto: Quem sou eu? Onde estou e pra onde vou? É uma busca constante, ora sem resposta, ora clara em minha mente. Mas a roda da vida é isso........O tempo não pára.... não pára...
3 de dezembo de 2010 12:28




Maria Fernanda disse...

Taniiiiis, li seu texto há alguns dias e somente hoje estou conseguindo postar meu comentário aqui...
Primeiro preciso te agradecer pq seu blog despertou uma paixão em mim:BLOGS!!! hahaha... sou seguidora de alguns, mas leio muitos, sempre!!!
Mas, o seu é especial... primeiro pq vc é uma pessoa especial p mim. Quando te conheci (numa visita ao acampamento Santos Dias, vc se lembra?) já gostei de vc de cara e depois vc me casa com quem?? Com o Vitinho!!! N tem como n te amar muiiito! Lamento n ter podido ir ao casamento de vcs e ser de fato madrinha, mas me sinto no cargo ainda!!! rs... o Vitinho foi um amigo muito importante na minha caminhada... juntos fizemos tantas coisas que me lembro dele todos os dias e saber que ele está casado com vc e que são tão felizes me traz uma alegria muito grande!!!
Por isso amo ver seu blog! Amo ler os seus sentimentos e me identifico muito com eles! Faço minhas as palavras de todos que jah comentaram aqui e torço p que vc escreva sempre: com ou sem inspiração! rs...
Parabéns!!! Um beijo enorrrrme!!!

Album de Família

Somos cinco, mulheres e irmãs.
Quando crianças, adorávamos brincar, dançar e, por mais incrível e inacreditável que pareça, adorávamos estudar e aprender. A paixão pelo conhecimento é uma das heranças preciosa que recebemos de nossos pais.
Minha mãe não se julgava inteligente, sempre dizia de suas dificuldades em tempos de escola, ainda que grande era seu desejo era o de aprender. No entanto, independente dessa sua crença em ser incapaz e dessas vivências tristes da escola, foi ela quem nos ensinou a escrever, a cultivar o gosto pelas leituras, a gostar de histórias, a indagar e, principalmente, a não aceitar as coisas simplesmente por que "assim que deve ser". Com sua forma de olhar o mundo, descobrimos que a vida poderia ser diferente não só para nós, mas para todos.
Meu pai, por sua vez, não  teve acesso aos estudos. Ainda cedo saiu sozinho de sua cidade para tentar construir para si uma vida melhor em outro lugar, com maiores oportunidades, e assim o fez.  Concluiu parte dos estudos, constituiu sua família e construiu sua vida profissional. No seu caso, o que sempre nos impressionou foi o fato dele se revelar um homem apaixonado por música clássica e ciências exatas. Se tivessemos qualquer dúvida em relação a matemática, física ou química, era só procurá-lo que, de alguma forma, ele nos ensinava sobre aquelas fórmulas tão complicadas que nos assombravam.
Nossos pais também gostavam de música para ouvir, cantar e dançar. Sábado a noite, do programa de rádio Fundo do Baú, ouvíamos as músicas da época em que eles eram jovens e juntos todos nós dançavamos. Eles também sempre foram apaixonados por filmes, história, política e debates. Estes sim eram infidáveis. É comum até hoje após as refeições nos mantermos a mesa conversando sobre assuntos afins.
Acho que por tudo isso, o começo das aulas no ano letivo era para nós o grande evento do ano, causava em mim e nas minhas irmãs um certo frisson. Como dormíamos no mesmo quarto, passavamos horas conversando sobre como seria aquele ano, como seria nosso material escolar. Ríamos, contavamos histórias, subvertíamos os contos de fada, falavamos de nossos problemas, dos filmes que assistiamos, do que gostavamos, das brincadeiras do dia, dos pratos preferidos... E, acima de tudo, nos divertiamos. Muitas vezes, nossos pais, cansados do trabalho do dia, iam até o nosso quarto nos mandar ficar quietas, como se isso fosse possível! Ao ouvir a porta do quarto deles se abrir, escondiamos debaixo das cobertas e segurávamos as gargalhadas. Que saudade!
Agora, cada uma de nós, segue seu caminho:


Érica hoje é professora. De nós, foi a primeira a casar.
Conheceu o Elvis em um show do Rappa, na época em que ele tinha cabelos longos, influência do movimento reggae. Desse amor nasceu João Vitor, o pimpolho da casa, único homem após uma geração só de mulheres

Érica, Elvis e João na maternidade 


                                                  João Vitor

Karla também é professora. Em 29 de abril de 2011 viveu seu momento de princesa. Casou-se com Júnior. História de Amor a Primeira Tecla!

Eu escolhi o Serviço Social, encantei-me pela docência, apaixonei-me pela Psicanálise e me casei com um Professor, Assistente Social, futuro Psicanalista, mas acima de tudo um anarquista que, só por amor, subiu ao altar para se casar comigo! Eu te amo Vitor!


Caçulas: Bia e Lara com Dona Regininha, a matriarca

As caçulinhas seguem seu caminho!


José Carlos e Regina, nosso pais, autores dessa história de amor!


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Vida


Prefácio

Do que é feita a vida senão dela própria que nos escapa ao se fazer em movimento? Ledo engano o nosso poupá-la ou guardá-la de alguma forma, como um tesouro escondido. Sozinha ela se esvai, se embolora igual pão esquecido no forno. Desfalece e falece.
Regida por outra lei, vida pra ser vivida deve ser gastada, investida, sempre em curso e discurso. Assim, ela se multiplica, cria suas crias, cresce suas raízes, se desgasta até o ultimo suspiro . E sorri, feliz, pois não foi vida vivida em vão, pintou suas próprias cores antes de sua partida para o que se desconhece.