sábado, 28 de setembro de 2013

Sobre o mundo de Freud




Meus amigos sabem: eu me apaixonei pela psicanálise. Posso dizer que se trata de um amor à primeira vista que se tornou perene, presente. Mas, talvez, num sintoma polianesco eu me iludi em um aspecto, acreditando que a cura pela palavra fosse como um milagre. E, não é! É fruto de trabalho, árduo trabalho, e as conquistas são preciosas!


Agradeço a Sílvio Memento por ter
me apresentado a este mundo de Freud!


BREVE HOMENAGEM A CORAGEM


- Quando eu era criança, tinha um canário.
- Legal...Hum... mas, ele ficava preso?
- É.
- Triste.
- Não.
- Não? Porque?
- Éramos amigos. Eu era como ele, vivia preso.
...
...
...
- Isso é mais triste ainda.
- Não é não.
- Porque?
- Hoje sou livre

Para Vitor Reis

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Amizade de Gabriela!



Naquele momento da vida, meus planos eram imediatistas. 
Primeiro, sobreviver a falta de tempo e de dinheiro. 
Segundo, concluir a faculdade, embora fossem muitas as dificuldades e a monografia parecesse e deveras fosse assustadora por demais.
Terceiro: depois de tudo isso, conseguir meu primeiro emprego. 
Sinceramente, acreditei que a vida de universitária dedicada era tão exaustiva que arrumar o primeiro emprego poderia ser fácil. Ledo engano.
Nada para mim no "mercado de trabalho" na terra do calçado. 
Tempos difíceis. Nenhum dos concursos que prestei me nomeava. Um ano de desemprego, um ano angustiante.
Então surge minha primeira entrevista de trabalho! Um possível contrato numa cidadezinha não muito perto, conhecida como cidade das montanhas. Alterosa.
Detalhe: eu que não tinha planos nenhum de mudar de cidade ou de morar longe da minha família, mas falava maior forte o desejo de realizar um sonho profissional. 
O que eu sentia? Misto de "Sou corajosa, vou conseguir esse trabalho, dar conta dessa parada" com "Apavoramento total nessa terra em que, não conheço ninguém!"
As amigas da faculdade eram diferentes de mim. A maioria eram de outras cidades, algumas até bem longe. Então já tinha passado por esse ritual de passagem. Eu em comparação a elas era bicho do mato, talvez da floresta amazônica.
Mas, era uma oportunidade única. Trabalhar no que eu gostava com profissionais que eu já conhecia por nome, pela competência e dedicação.
Então veio a surpresa. Não falo do trabalho, este eu consegui naquele dia. Falo de outra surpresa.
Naquele município, ao sul de Minas Gerais, um tanto bom distante daquele que era meu lar, encontrei uma garota que havia formado comigo. Mas, enquanto eu estudava a noite, ela estudava de manhã e nunca tínhamos trocado uma só palavra. Sabia dela porque não passava desapercebida. Alta (acho que qualquer um é mais alto do que eu!) e de personalidade forte, chamada Gabriela.
Ela já estava ali há um tempo, morava naquela cidade, embora estivesse também distante de sua família. Primeiro, convidou a mim e ao meu pai para almoçar na casa dela. Não eramos amigas ou colegas, mas ela preparou um almoço de domingo para nos receber. Ria, falava da cidade e dos desafios do trabalho. 
Aquele gesto de carinho, foi tão singelo que acalmou meu coração. Talvez a vida longe da família não fosse a selva que eu imaginava!!!!
Mas, ela me surpreendeu ainda mais. Eu consegui o trabalho e ela ofereceu a sua casa para que eu ficasse até que conseguisse um lugar para mim. Arrumou suas coisas para me dar espaço, cedeu um quarto e, mais do que isso, deu de presente amim, uma estranha, a sua amizade!
Gabriela não tinha medo de briga, adorava um cigarro, manifestava suas opiniões com convicções e só lavava a louça no horário que sentia vontade!
Ficou surpresa porque eu não tinha um sapato com salto e acabou achando um de salto confortável, em uma promoção, e me venceu pelo cansaço. Acabei comprando!
Ela me ensinou a fazer tabule, embora não tivesse muita paciência com detalhes. E ria demais porque eu gostava de Harry Potter, Senhor dos Anéis e o Diário de Bridget Jones!
Eu, por minha vez, ri demais quando ela me contou que havia tentado subir a serra de Carmo do Rio Claro e quase não deu conta, faltava-lhe condicionamento físico!!!!. Ela estava surpresa como o povo de Alterosa que, em procissão, andava quilômetros na rodovia para depois subir a bendita da serra.
Gabriela, uma menina gigante mimada adorável, com aquele seu jeito único, me ensinou que amizade, generosidade e solidariedade pode fazer muita diferença, como naqueles meses ela fez na minha vida.
Logo depois nossas vidas tomaram rumos diferentes. Os concursos passaram a me nomear e eu a mudar de cidade. Lembro que no dia que decidi que ia mudar, ela tentou me convencer do contrário e, no final, nós duas choramos com a despedida. Mas, Gabi com seu jeitinho, foi receber  Evelise que me substituiu no trabalho e outra nova e forte amizade nasceu. 
Minha última lembrança de Gabi é no meu casamento. Ela, Evelise e eu, mais uma vez nos reencontrando, com outras unespianas, Yurinha, Angélica e Regina no meu casório. É incrível como as pessoas, como Gabriela -  não importa  o período, o tempo, a situação - podem passar em nossas vidas e e deixar marcas de afeto assim que jamais serão esquecidas. 
Gabriela me acolheu em um dos momentos delicados da minha vida. Ela me recebeu em sua casa, mesmo eu sendo uma estranha. 
Faz parte da minha história, para sempre! Nossas vidas tomaram rumos diferentes, mas esse laço invisível da amizade permaneceu. 


E hoje eu escrevo porque a dor é muita. Não sei o que fazer com ela. 
Há poucas horas recebo a notícia do falecimento de Gabi. 
Não consigo acreditar. 
Ela lutou como uma verdadeira guerreira pela vida.
No meu coração, desejo que você receba todo meu amor e gratidão aonde você estiver. Escrevo  hoje em homenagem a você Gabriela!


Tanísia
12/11/2012 






terça-feira, 13 de março de 2012

As Rosas Vermelhas e o Móvel Antigo


As rosas vermelhas se encontram sob o móvel antigo.
Ambos recém-chegados à sala, ambos de naturezas tão distintas.
O móvel, um buffet, em seu silêncio imponente de madeira que nasce nobre, narra a história de uma família há mais de cem anos. De geração em geração. Agora se faz presente de um pai amoroso para seu filho. 
Este último, mergulha em suas lembranças: o cheiro da casa da avó; o jeito que ela lhe falava do quanto parecia com seu avô; os tios reunidos ao entorno da mesa apreciando a comida com fartura; seu pai, como é agora, sempre presente; a infância de brincadeiras, as alegrias da tenra idade. Neste buffet, neste móvel antigo, durante o esconde-esconde, ali o menino se encontrava para não ser descoberto.

As rosas vermelhas se encontram sob o móvel antigo. 
Em uma convergência do tempo, madeira e rosas se comunicam.
As rosas vermelhas entrelaçadas com flores do campo, por sua vez, em sua efemeridade e natureza breve susurram e as palavras que dizem são de amor. O menino já não o é. Não se esconde no buffet. 
Fez-se homem, fez-se forte, tomou posse de sua herança - aquela que toda família deixa para seus descendentes, a história, com seus afetos, desafetos, segredos e verdades - e desejou para si uma família. As rosas vermelhas são presentes para sua amada, para quem ele elegeu como sua mulher, esposa e companheira.

De geração em geração. 
Continuidade, reinvenção, movimento, ressignificação.
As rosas vermelhas se encontram sob o móvel antigo. 
Amanhã,  o tempo levará a beleza de suas pétalas e as rosas se renderam ao destino de todos. Mas, eternizado o momento permanecerá no qual o amor possibilita mais que uma continuidade da história, possibilita criar para ser livre em si mesmo e amor gerar.

Vitor Rômulo Conde dos Reis,
Eu te amo.
Com carinho,
Tanísia Célia Messias Reis

domingo, 8 de janeiro de 2012

Paixonite por Cinema

Sou apaixonada por cinema e sei que isso realmente não me qualifica como alguém que entenda de cinema. Ainda assim, como toda pessoa apaixonada, perco o senso do rídiculo e ouso fazer uma retrospectiva de alguns dos filmes que me emocionaram em 2011. Não significa necessaríamente que são filmes lançados em 2011, sucesso de bilheteria ou de efeitos tecnológicos. São apenas histórias contadas de uma forma única, seja através de imagens, palavras ou um olhar e que merecem atenção. Afinal, penso eu, que a essencia da humanidade, desde o ínicio dos tempos,também está na narrativa! Esse dom único de contar histórias, inclusive as nossas. Compartilhando:

* Árvore da Vida (EUA, 2011), direção de Terrence Malick. Com Brad Pitt, Sean Penn e Jéssica Chain.



Este não é um filme para os mais impacientes ou pragmáticos que requerem um breve desenrolar da história e sim para aqueles que desejam mergulhar em um mundo de cores e imagens que revelam a vida quase que em uma oração. Natureza, graça, família, amor, ódio, perdão, morte, vida. Uma obra de arte. 


* Les Invasions Barbares - As invasões Bárbaras (Canadá,França 2003). Direção de Denys Arcandi


Os personagens já são nossos conhecidos do "Declínio do Imperio Americano", filme que eu particularmente não havia apreciado tanto, mas que me surpreendeu no final. Agora, Remy está de volta em uma outra condição. De amante de todas as mulheres, agora ele se encontra internado, com câncer, em fase terminal e em crise existencial, especialmente com suas convicções que, como intelectual defendeu tanto. Para sua surpresa é justamente seu filho, a quem ele desaprova totalmente por ser um yuppie, é que mudará esse cenário. Filme inteligente, rápido, crítico e belo. A morte é um destino e o que fica pra depois?


* Melancolia (EUA, 2011), direção e roteiro de Lar Vons Trier




Lar Vons Trier foi infeliz e polêmico no festival de Cannes quando tratou do assunto nazismo. Esse episódio a parte, Melancolia é belíssimo, impressionante e impactante. Minha personagem preferida: Justine, tão frágil, tão forte... será?
Mas, é importante dizer que Melancolia apresenta um conceito de filme diferente, tanto quanto Árvore da Vida, e se você estiver em crise existencial ou triste, talvez seja interessante assistí-lo depois.


Bom, por agora somentes esses três filmes de uma lista ampla que aos poucos vou postando. Um abraço,


Tanísia

 

sábado, 24 de dezembro de 2011

Nestes últimos dias,
procurei em vão por palavras tecidas por algum imortal que me auxiliassem na especial tarefa de desejar a quem amo um Abençoado Natal e Feliz Ano Novo. 
Mário Quintana, Carlos Drummond, Fernando Pessoa, Thiago de Mello, Pablo Neruda, Clarice Lispector, entre outros,já me socorreram muitas vezes e em situações diversas - ah se eles soubessem! - nessa tentativa de nomear o que não se traduz.
Nessa busca pela magia das palavras,
encontro-em então presenteada com uma imagem que diz tanto do que sinto.


É como se, por um momento,
não houvessem ponteiros e números regulando as horas. Como se eu tocasse o tempo e o atravessasse. Sou eu em um dos meus lugares preferidos de minha infância, o qual visitei recentemente, momento registrado pelas lentes fotográficas do Bill.
Amo as árvores. 
Quando as vejo, penso em quantas histórias elas testemunharam, penso na minha própria história e no milagre que é a vida!
A vida que explode dentro do peito, que se dilata e nos empurra ao desconhecido, tecendo histórias únicas nas quais cada um de nós é de forma especial e privilegiada um autor, um Imortal!E é isso que desejo a vocês neste Natal e no Ano Novo que se aproxima:
Que você se descubra como o poeta de sua própria vida e simplesmente
FAÇA A MAGIA ACONTECER!

Com carinho, Tanísia



segunda-feira, 25 de julho de 2011

30 anos!





14 de julho de 2011, meu aniversário.
Recebo os cumprimentos da família e dos amigos e até festa surpresa no café da manhã quando chego em Franca, minha terra natal.
Em um desses cumprimentos, minha irmã caçula, no auge dos seus quinze anos, me diz: "Tata querida, 30 anos? Você está idosa!"
Tal frase me soou tão divertida. Idosa? Eu?
Então me surpreendi com minha própria resposta a essa afirmativa:
"Lara querida, na sua idade meu sonho era completar dezoito anos, fazer faculdade e tirar carta. Tá certo que até hoje ainda não providenciei a carteira de motorista, mas me considero muito mais jovem do que naquela época.  Tenho tantos sonhos: ser mãe, construir minha casa, fazer o mestrado, quem sabe o doutorado, viajar, aprender francês, entre tantas outras coisas, inclusive aprender a dirigir. Sou muito mais jovem do que aos quinze anos".
Depois dessa resposta dita tão automaticamente como se já estivesse elaborada há tanto tempo, sinto um certo estranhamento comigo mesma. O que eu disse?
Então, penso e chego a conclusão:
A idade da gente se mede por nossos sonhos, desejo e de nossa própria vida em movimento. Ser novo ou velho de espírito é questão de escolha, talvez, até mesmo dependa, irônicamente, de amadurecimento.
Sendo assim, definitivamente, não estou idosa...rsrsrsrsrsrs
Como uma adolescente, retomando as palavras do poeta da minha juventude:
Apenas começamos. O mundo começa agora. Apenas começamos.