terça-feira, 13 de março de 2012

As Rosas Vermelhas e o Móvel Antigo


As rosas vermelhas se encontram sob o móvel antigo.
Ambos recém-chegados à sala, ambos de naturezas tão distintas.
O móvel, um buffet, em seu silêncio imponente de madeira que nasce nobre, narra a história de uma família há mais de cem anos. De geração em geração. Agora se faz presente de um pai amoroso para seu filho. 
Este último, mergulha em suas lembranças: o cheiro da casa da avó; o jeito que ela lhe falava do quanto parecia com seu avô; os tios reunidos ao entorno da mesa apreciando a comida com fartura; seu pai, como é agora, sempre presente; a infância de brincadeiras, as alegrias da tenra idade. Neste buffet, neste móvel antigo, durante o esconde-esconde, ali o menino se encontrava para não ser descoberto.

As rosas vermelhas se encontram sob o móvel antigo. 
Em uma convergência do tempo, madeira e rosas se comunicam.
As rosas vermelhas entrelaçadas com flores do campo, por sua vez, em sua efemeridade e natureza breve susurram e as palavras que dizem são de amor. O menino já não o é. Não se esconde no buffet. 
Fez-se homem, fez-se forte, tomou posse de sua herança - aquela que toda família deixa para seus descendentes, a história, com seus afetos, desafetos, segredos e verdades - e desejou para si uma família. As rosas vermelhas são presentes para sua amada, para quem ele elegeu como sua mulher, esposa e companheira.

De geração em geração. 
Continuidade, reinvenção, movimento, ressignificação.
As rosas vermelhas se encontram sob o móvel antigo. 
Amanhã,  o tempo levará a beleza de suas pétalas e as rosas se renderam ao destino de todos. Mas, eternizado o momento permanecerá no qual o amor possibilita mais que uma continuidade da história, possibilita criar para ser livre em si mesmo e amor gerar.

Vitor Rômulo Conde dos Reis,
Eu te amo.
Com carinho,
Tanísia Célia Messias Reis